quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Ao lado de Drummond

Hoje sentei ao lado de Drummond
Com certa aflição ele foi me dizendo: Esse mundo em que estamos vivendo está muito doido. Parece que o ódio impera nas pequenas atitudes das pessoas. Ele aparece das formas mais banais.
Sem dar tempo para pausa ou alguma intervenção continuou...
E eu que apenas gostava de sentar e observar as gentes passando sou penalizado por esse tempo do hoje. As pessoas não tem mais tempo pra isso! Olhar é cada vez mais raro...
foto retirada da internet 25/12/13
Novamente não me deram tempo de falar e talvez para mim, tenha sido o mais violento ato de censura. Já estava acostumado por me extirparem o direito de ver mas eu enxergava assim mesmo. Hoje não, o golpe pareceu mais duro... Pintar não me permitiu escolha pelo não vê... eu vi e todos viram... O vandalismo está intrínseco naquele que não compreende o que o amedronta...  
É Juliana, da ignorância de muitos meus escritos ainda não conseguiram me salvar.
Vejo que tenho sofrido aqui... sofrido não... sou processo dessa sociedade, mesmo se leram meus escritos, não conseguiram compreender nada.. Devo ter culpa nisto também...
Hoje não sei se vc percebeu, me pintaram!
Continuei parada como uma estátua...
Tentaram me imortalizar. Me colocar em um lugar que sempre fui visto mas hoje os tempos são outros... Estou velho demais! Não compreendem o que seja esse estar neste lugar. Certamente o banco é mais um objeto e eu não muito diferente disto também.
Fiquei triste!
Olhando para ele apenas pude dizer:
Quando o ignorante não procura ler as esculturas da cidade, elas são tratadas apenas como objetos. Assim também é a VIDA! Mas devemos permanecer intactos ao nosso sentido de existir no mundo. Talvez você esteja exatamente nesse lugar aberto para mostrar ou lembrar para lê-lo... nem que seja por curiosidade em uma estátua.
A tristeza vai passar...
Abraços,

JN


Um comentário:

  1. #Das coincidências nem tão coincidências assim... me deparo com esse poema no face

    As sem-razões do amor

    Eu te amo porque te amo,
    Não precisas ser amante,
    e nem sempre sabes sê-lo.
    Eu te amo porque te amo.
    Amor é estado de graça
    e com amor não se paga.

    Amor é dado de graça,
    é semeado no vento,
    na cachoeira, no eclipse.
    Amor foge a dicionários
    e a regulamentos vários.

    Eu te amo porque não amo
    bastante ou demais a mim.
    Porque amor não se troca,
    não se conjuga nem se ama.
    Porque amor é amor a nada,
    feliz e forte em si mesmo.

    Amor é primo da morte,
    e da morte vencedor,
    por mais que o matem (e matam)
    a cada instante de amor.
    Carlos Drummond de Andrade

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