sábado, 19 de outubro de 2013

Ao escrever eu me observo

Hoje a produção está intensa.

Já escrevi para a equipe que trabalha comigo.
Já escrevi algumas reflexões para o meu trabalho.
Já escrevi para quem sinto saudades de conversar.
Já escrevi...
Agora me vejo pensando sobre algumas coisas que aconteceram durante a semana e veio como um filme uma semana que na época não entendi.
Era uma reunião de trabalho. Descrevia uma situação que observei em uma sala de aula.
Ele, meu chefe, escutava.
Disse que a professora me procurou para dizer que o aluno não lia nada. Que o mesmo queria falar comigo...
Quando me aproximo ele me diz que queria que eu o ensinasse a ler!
Foi sofrido escutar isso do rapaz. Já com 14 anos em uma turma de Acelera e sem perspectiva de terminar o ensino fundamental I sabendo o básico.
Relatando tudo isso para o meu chefe. Ele, um sociólogo e filósofo, parecia não compreender porque eu sofria.
Enquanto debatíamos e eu tentava até mesmo me convencer que esse não era o foco do meu trabalho, na ocasião. Ele dispara: Juliana, nós vamos sempre perder alguns.
Assim, direto e duro.
Fiquei sem reação na hora. 
Disse que para mim não era possível perder nenhum...
Foi a primeira e única vez que ele me viu chorando...
Ficou desconsertado. 
Não entendeu muito bem o por que de estar naquele momento chorando. 
Talvez nunca entenda...
Hoje me peguei lembrando este pequeno mas intenso debate. As consequências dele também.
Na ocasião, em pouco tempo pedi para sair desse trabalho. Não estava realizada.
Hoje talvez eu entenda o que ele me falou. Talvez ele tenha percebido como poucos a minha essência.
Chorar nem sempre seja fraqueza de uma pessoa. Estou comungando da ideia que somente sofremos sozinha quando nossas ideias não contemplam o mundo.
Realmente, não dá para salvar o mundo. Não dá para dizer que somos todos iguais. Todos com a mesma missão aqui na Terra.
Salvarei aqueles que pensam que seria importante o que eu digo e realizo. 
Tenho chorado mais. 
As angustias tem me feito estar mais sensível do que nunca. 
Estou me amolecendo e tenho percebido que está desconsertando as pessoas.
Engraçado que as mesmas pessoas que me cobram não conseguem me ver com a mesma insensibilidade chorando.
A cara que tenho observado nas pessoas hoje me lembrou lá atrás o mesmo chefe que se assustou com o meu choro.
As pessoas testam o seu limite e quando elas percebem que ultrapassaram o mesmo, elas não sabem como agir.

Estranho...

Abraços,

JN

Sobre o preço do pão...

Certo dia em frente a mais um supermercado que reinaugurava um senhor começou a falar olhando para mim

É, o supermercado está bonito. Com muita variedade. Mas está caro!
A vida está cara!
E em uma matemática básica... foi tecendo suas conclusões...
Agora a gente gasta R$5,00 por 10 pães. 5 X 7 dias por semana já estamos em R$35,00. Em um mês gastaria R$ 140,00.

Eu gasto só pra mim, no hortifruti, R$ 200,00! Só para uma pessoa...
É, deve ter muita gente passando fome nesse mundo.

E eu apenas observando as análises dele. Eu apenas sorria e pensando que ele tinha razão.

O senhor estava agitado!! Já emendando em outro assunto fala:

Vai vendo a vida...
Minhas sobrinhas estudaram. Pensaram em construir a vida delas. Estudaram muito. Fizeram faculdade. Conseguiram um bom trabalho. São todas funcionárias públicas. Ganham bem. Tem apartamento, carro, não tem filhos. Estão quase com 40 anos e ainda não casaram.

Também os rapazes hoje em dia não querem estudar!

Se elas quiserem terão que se contentar com uma pessoa com menos estudo que elas. Vão ter que bancar a casa... o mundo anda tão diferente!

Tchau!

O ônibus chegou...

Assim se foi... e me restou apenas esboçar um sorriso para tanta reflexão em um só ser!!

Abraços,
JN