Hoje a produção está intensa.
Já escrevi para a equipe que
trabalha comigo.
Já escrevi algumas reflexões para
o meu trabalho.
Já escrevi para quem sinto
saudades de conversar.
Já escrevi...
Agora me vejo pensando sobre algumas
coisas que aconteceram durante a semana e veio como um filme uma semana que na época não entendi.
Era uma reunião de trabalho.
Descrevia uma situação que observei em uma sala de aula.
Ele, meu chefe, escutava.
Disse que a professora me
procurou para dizer que o aluno não lia nada. Que o mesmo queria falar
comigo...
Quando me aproximo ele me diz que
queria que eu o ensinasse a ler!
Foi sofrido escutar isso do
rapaz. Já com 14 anos em uma turma de Acelera e sem perspectiva de terminar o
ensino fundamental I sabendo o básico.
Relatando tudo isso para o meu
chefe. Ele, um sociólogo e filósofo, parecia não compreender porque eu sofria.
Enquanto debatíamos e eu tentava
até mesmo me convencer que esse não era o foco do meu trabalho, na ocasião. Ele
dispara: Juliana, nós vamos sempre perder alguns.
Assim, direto e duro.
Fiquei sem reação na hora.
Disse
que para mim não era possível perder nenhum...
Foi a primeira e única vez que
ele me viu chorando...
Ficou desconsertado.
Não entendeu
muito bem o por que de estar naquele momento chorando.
Talvez nunca entenda...
Hoje me peguei lembrando este
pequeno mas intenso debate. As consequências dele também.
Na ocasião, em pouco tempo pedi
para sair desse trabalho. Não estava realizada.
Hoje talvez eu entenda o que ele
me falou. Talvez ele tenha percebido como poucos a minha essência.
Chorar nem sempre seja fraqueza
de uma pessoa. Estou comungando da ideia que somente sofremos sozinha quando
nossas ideias não contemplam o mundo.
Realmente, não dá para salvar o
mundo. Não dá para dizer que somos todos iguais. Todos com a mesma missão aqui
na Terra.
Salvarei aqueles que pensam que
seria importante o que eu digo e realizo.
Tenho chorado mais.
As angustias tem
me feito estar mais sensível do que nunca.
Estou me amolecendo e tenho
percebido que está desconsertando as pessoas.
Engraçado que as mesmas pessoas
que me cobram não conseguem me ver com a mesma insensibilidade chorando.
A cara que tenho observado nas
pessoas hoje me lembrou lá atrás o mesmo chefe que se assustou com o meu choro.
As pessoas testam o seu limite e
quando elas percebem que ultrapassaram o mesmo, elas não sabem como agir.
Estranho...
Abraços,
JN